11 de abril de 2013

Expressionismo, mais um pouco


Para realmente entendermos  o movimento expressionista, necessitamos conhecer a visão do mundo alemão. Sem duvida tanto o romantismo quanto o expressionismo são os dois movimentos artísticos que mais refletem a cultura alemã. Longe de afirmarmos que estes movimentos sejam exclusividade do povo alemão eles apenas demonstram respectivamente a passionalidade e a inquietação espiritual deste povo. O movimento expressionista nasce na Alemanha por volta da 1905, seguindo a tendência de pintores do final do século XIX, como Cézanne, Gauguin, Van Gogh e Matisse. A fundação nesta data da sociedade dos artistas Die Brücke (A Ponte) marcou o início de uma nova forma de arte que se diferencia do fauvisme francês, principalmente no que se refere à sua emoção social.

Duas características podem ser consideradas fundamentais no movimento expressionista:

* A reação contra o passado - o expressionismo não reage apenas contra este ou aquele movimento, contra o naturalismo ou os vários movimentos vigentes na Alemanha na época, mas reage, sem mais, contra todo o passado; é o primeiro movimento cultural que deve ser compreendido, antes de mais nada,  por uma rebelião contra a totalidade dos padrões, dos valores do ocidente. A arte cessa de gravitar em torno de valores absolutos.

* Sem duvida temos uma filiação do expressionismo com o romantismo. A diferença fundamental é que no expressionismo o confessado não é de ninguém , o autobiográfico não tem rosto, a arte não manifesta a subjetividade de um Beethoven, pois, bem ao contrario, diz algo que em última análise releva do impessoal.  Umas das grandes  influências vem sem dúvida de Freud, e isto por duas razões. Em primeiro lugar a psicanálise liberta do passado . Transportando isto em termos de cultura, podemos dizer que a psicanálise liberta da tradição, da história. Em segundo lugar, a perspectiva de Freud é a da subjetividade; ao contrário do que acontece na psicologia clássica, a raiz dessa nova subjetividade é impessoal: o inconsciente foge à alçada daquilo que se considerava ser a pessoa, e a subjetividade torna-se mais anônima.



Se devêssemos escolher uma palavra para definir o expressionismo esta palavra seria o grito. Pois o expressionismo é o grito que brota de uma solidão radical, o grito de um homem identificado ao grito. Grita-se porque só resta o grito, expressão de um sem-sentido radical. Por isso é freqüente encontrarmos personagens destituídas de identidade; ou bem a identidade se fragmenta, chegando a se plurificar em diversas personagens, ou então é negada transformando a personagem em uma espécie de marionete.