28 de fevereiro de 2013

ARTE ROMANA


ARTE ROMANA

As características gerais da arquitetura romana são:

* busca do útil imediato
* senso de realismo

* grandeza material, realçando a idéia de força
* energia e sentimento
* predomínio do caráter sobre a beleza




Os romanos eram grandes admiradores da arte grega, mas por temperamento, eram muito diferentes dos gregos. Por serem realistas e práticos, suas esculturas são uma representação fiel das pessoas e não a de um ideal de beleza humana, como fizeram os gregos. Retratavam os imperadores e os homens da sociedade. O retrato é um registro cuidadoso das feições do homem, modeladas plasticamente e tentando exprimir sua personalidade e caráter. O artista concentra-se no essencial da expressão; pode dar pouca atenção aos detalhes do cabelo, da barba, mas dedica o maior cuidado à expressão dos olhos, às linhas do rosto, à posição da boca. Uma vez que o artista para penetrar além das feições do homem começa a remodelar ou até distorcê-las, abriu-se o caminho para o tipo de representação simbólica do rosto humano – não mais um retrato pessoal, mas uma imagem simbólica dos imperadores (principalmente), que afasta o homem de nós, colocando-o na esfera do sobre-humano e divino.




As construções eram de cinco espécies, de acordo com as funções:
religião/templos; comércio e civismo/basílicas; higiene/termas; divertimentos/circo, teatro – imitando o teatro grego e anfiteatro – destinado às lutas dos gladiadores que compunham um espetáculo que podia ser apreciado de qualquer ângulo; monumentos decorativos/arco do triunfo.


Na pintura o mosaico foi muito utilizado para decoração dos muros e pisos da arquitetura em geral.

A maior parte das pinturas romanas que conhecemos hoje provém das cidades de Pompéia e Herculano, que foram soterradas pela erupção do Vesúvio em 79 a.C. Os estudiosos da pintura existente em Pompéia classificam a decoração das paredes internas dos edifícios em quatro estilos:


Primeiro estilo: recobrir as paredes de uma sala com uma camada de gesso pintado, dava impressão de placas de mármore.
Segundo estilo: Os artistas começaram então a pintar painéis que criavam a ilusão de janelas abertas por onde eram vistas paisagens com animais, aves e pessoas, formando um grande mural.

Terceiro estilo: representações fiéis da realidade  valorizando a delicadeza dos pequenos detalhes.

Quarto estilo: um painel de fundo vermelho, tendo ao centro uma pintura, geralmente cópia de obra grega, imitando um cenário teatral.


Com a invasão dos bárbaros as preocupações com as artes diminuíram e poucos monumentos foram realizados pelo Estado. Era o começo da decadência do Império Romano que, no séc. V - precisamente no ano de 476 - perde o domínio do seu vasto território do Ocidente para os invasores germânicos.



Fonte: O Mundo da Arte, Enciclopédia das Artes Plásticas em Todos os Tempos - tiragem especial da ENCYCLOPAEDIA BRITANNICA.

Passeios através da história, Rudolf Lanzs

27 de fevereiro de 2013

ARTE GREGA




Os gregos tinham uma ideia do tempo cíclico, as coisas acontecendo e se repetindo, vida/morte/renascimento, mas também uma certa ideia de destino pois imaginavam algo anterior que traçaria os caminhos da vida.
O Drama grego tem suas origens nas festas populares em honra a Dionísio, deus da embriagues inconsciente, do vinho, das forças ocultas, da criatividade e da reprodução. Paulatinamente a figura de Dionísio vai sendo substituída por outros personagens mitológicos ou históricos. A postura inconsciente do início transforma-se e prevalecem a tendência à ordem, à harmonia, à beleza exterior, à serenidade das emoções identificadas com Apolo, Deus das ciências e das artes.  
A partir de Aristóteles os gregos vão buscar a lógica, a harmonia e a definição, mostrando aversão ao difuso e indefinido. Para ele há dois tipos de arte: artes mecânicas – que se ocupam dos instrumentos de trabalho – e artes imitativas da natureza. A função da arte segundo Aristóteles, é dupla – pedagógica e catártica. Podemos perceber que Aristóteles já nos falava do valor terapêutico da arte. Através das obras teatrais são vividas as paixões que, de outro modo, tenderiam a ocorrer na realidade. 
No pensamento de Platão há uma certa desvalorização da arte pois esta copiaria o mundo empírico, que já é a cópia do mundo ideal. Para ele ainda, a arte seria danosa no campo moral; operando cegamente sobre o sentimento, a arte nos atrai para o verdadeiro assim como para o falso, para o bem, assim como para o mal.






Nos seus primórdios, por volta de 1000 aC., surge em Atenas o estilo protogeométrico de pintura de vasos. O desenvolvimento deste estilo aumenta apresentando zigue-zagues, losangos, labirintos. Apenas por volta do século VIII os seres humanos e os animais ocupam posição de destaque na pintura grega. Mesmo assim, a figura humana aparece estranha, em silhueta com a cabeça de perfil e o corpo visto de frente em forma de triângulo; os braços parecem palitos de fósforo; as pernas de perfil com nádegas arredondadas e barriga da perna musculosa. 
A arte grega, partindo de uma atitude puramente não representativa, desenvolveu fórmulas geométricas para a representação de homens e animais. À procura de um esquema ideal de forma humana e divina, inspira-se nas realizações da arte egípcia.


A estatuária grega representa os mais altos padrões já atingidos pelo homem. Na escultura, o antropomorfismo - esculturas de formas humanas - foi insuperável. As estátuas adquiriram, além do equilíbrio e perfeição das formas, o movimento. Na escultura grega podemos ver que perde-se o caráter simbólico e ela torna-se auto-explicativa. Apresenta como características a busca de equilíbrio, uma idéia de organismo, de algo vivo que existe por si. É uma afirmação da humanidade, quer ser um corpo humano. Mostra o homem grego, o homem, não o indivíduo. Extremamente belas, mas inexpressivas – é sempre a mesma beleza, o mesmo sorriso, o mesmo caráter prototípico. A plasticidade é sempre algo corpóreo.
No Período Arcaico os gregos começaram a esculpir, em mármores, grandes figuras de homens. Primeiramente aparecem esculturas simétricas, em rigorosa posição frontal, com o peso do corpo igualmente distribuído sobre as duas pernas. Esse tipo de estátua é chamado Kouros (palavra grega: homem jovem).
No Período Clássico passou-se a procurar movimento nas estátuas, para isto, se começou a usar o bronze que era mais resistente do que o mármore, podendo fixar o movimento sem se quebrar. Surge o nu feminino, pois no período arcaico, as figuras de mulher eram esculpidas sempre vestidas.
No Período Helenístico podemos observar o crescente naturalismo: os seres humanos não eram representados apenas de acordo com a idade e a personalidade, mas também segundo as emoções e o estado de espírito de um momento. O grande desafio e a grande conquista da escultura do período helenístico foi a representação não de uma figura apenas, mas de grupos de figuras que mantivessem a sugestão de mobilidade e fossem bonitos de todos os ângulos que pudessem ser observados.



A pintura grega encontra-se na arte cerâmica. Os vasos gregos são também conhecidos não só pelo equilíbrio de sua forma, mas também pela harmonia entre o desenho, as cores e o espaço utilizado para a ornamentação. Além de servir para rituais religiosos, esses vasos eram usados para armazenar, entre outras coisas, água, vinho, azeite e mantimentos. 




A característica mais evidente dos templos gregos é a simetria entre o pórtico de entrada e o dos fundos. O templo era construído sobre uma base de três degraus. O degrau mais elevado chamava-se estilóbata e sobre ele eram erguidas as colunas. As colunas sustentavam um entablamento horizontal formado por três partes: a arquitrave, o friso e a cornija. As colunas e entablamento eram construídos segundo os modelos da ordem dórica, jônica e coríntia.

Fonte: O Mundo da Arte, Enciclopédia das Artes Plásticas em Todos os Tempos - tiragem especial da ENCYCLOPAEDIA BRITANNICA.
Passeios através da história, Rudolf Lanzs




26 de fevereiro de 2013

ARTE PRÉ-HISTÓRICA E PRIMITIVA




ARTE PRÉ-HISTÓRICA E PRIMITIVA

 

A história das civilizações e sua expressão na arte tem início com as primeiras culturas caçadoras e as pinturas das cavernas, há cerca de 40.000 anos, desde a Idade Paleolítica. A mais típica forma de expressão dos primitivos caçadores é o estilo animal em pinturas rupestres – bois, cavalos, bisões – e figuras representativas do homem em esquemas simplificados, conservando a forma natural das pedras utilizadas, numa tentativa de exprimir a “alma” ou o “espírito” das rochas. Por volta de 4.000 aC motivos circulares e espiralados mesclam-se às figuras naturalistas de animais. A atitude do caçador em relação ao seu meio é de se apossar do que encontra, pois sente-se unido à natureza.

As descobertas arqueológicas e o estudo dos mitos nos falam de uma humanidade homogênea e relativamente inconsciente no período reconhecido como pré-história, quando não havia o pensamento lógico tal como o conhecemos em nossos dias.

            Ao redor do terceiro milênio aC surge uma espécie de espírito científico, embora a humanidade não raciocinasse logicamente, não buscasse uma causalidade ou se detivesse em abstrações. A "ciência" desta época se realizava através de imagens, de uma consciência mitológica, ou como costumamos designar – pré-lógica. O homem pré-histórico tentou compreender  seu meio analogicamente, em parábolas, integrando-se na vida que o rodeava pela execução de ações simbólicas.

 Rudolf Lanz nos diz que no Egito deste tempo reinava a imutabilidade, a continuidade, o ser estático, como se as relações de tempo, com suas implicações dinâmicas de transformação, de um vir a ser, ainda estivessem por se solidificar e existisse apenas o ser-no-espaço, o lado a lado. Sua arte era uma arte para os mortos; a escultura apresentava como características um certo distanciamento da realidade terrestre, caráter rígido, frontalidade e geometrismo.

As características gerais da arquitetura egípcia são: 

* solidez e durabilidade; 
* sentimento de eternidade; e 
* aspecto misterioso e impenetrável.

Os escultores egípcios representavam os faraós e os deuses em posição serena, quase sempre de frente, sem demonstrar nenhuma emoção. Pretendiam com isso traduzir, na pedra, uma ilusão de imortalidade. Com esse objetivo ainda, exageravam freqüentemente as proporções do corpo humano, dando às figuras representadas uma impressão de força e de majestade.
A decoração colorida era um poderoso elemento de complementação das atitudes religiosas.


Suas características gerais são: 
* ausência de três dimensões;
* ignorância da profundidade; 
* colorido a tinta lisa, sem claro-escuro e sem indicação do relevo; e 
* Lei da Frontalidade que determinava que o tronco da pessoa fosse representado sempre de frente, enquanto sua cabeça, suas pernas e seus pés eram vistos de perfil.


Como sabemos, desde a pré-história os seres humanos produzem formas visuais, utilizando símbolos particulares constituídos socialmente para exprimirem mundos subjetivos e objetivos. Este impulso de designar o mundo de outra maneira sempre esteve presente em todos os homens, não sendo substituído pelas invenções tecnológicas de nossa época. Isto porque a via de acesso entre inconsciente e consciente é a linguagem simbólica.

            A linguagem gráfico-plástica, no entanto, é pouco valorizada em nosso meio, havendo uma hiper valorização da linguagem verbal – falada e escrita, sendo considerada um privilégio de poucos, um dom inalcançável para a maioria das pessoas. 

Fonte: O Mundo da Arte, Enciclopédia das Artes Plásticas em Todos os Tempos - tiragem especial da ENCYCLOPAEDIA BRITANNICA.
Passeios através da história, Rudolf Lanzs

veja textos sobre o Inconsciente em nosso blog Psicologia: http://psiarteonline.blogspot.com.br/


25 de fevereiro de 2013

EM BUSCA DE SEU CENTRO - MANDALAS




À sua volta existem infinitas formas circulares organizadas a partir de um mesmo centro. São as mandalas. Essas figuras perfeitas e eternas ­ presentes em diversas culturas e religiões ­ são veículos na busca de auto-conhecimento e elevação espiritual. Muitos já descobriram que olhar para elas ou fazê-las com as próprias mãos é um exercício de paz.

A íris do seu olho, a rosa entreaberta, a mesa de centro, o movimento ondulante provocado por uma gota de água, a mesa posta para o jantar, a impressão digital,  são apenas algumas das infinitas mandalas que estão presentes no dia-a-dia. A palavra vem do sânscrito (antiga língua da Índia) e quer dizer círculo, referindo-se a toda forma onde círculos se organizam a partir do mesmo centro.

O nome é oriental, mas as mandalas não têm pátria e não são próprias de determinadas épocas. Estão presentes nas mais primitivas pinturas rupestres, compõem vitrais e labirintos das catedrais góticas, de templos budistas e hinduístas, o traçado de cidades antigas do Oriente e Ocidente, servindo como matrizes para toda a arquitetura sagrada.

Também chamadas círculos mágicos, são símbolos religiosos e integram rituais de culturas que não têm qualquer ligação temporal ou espacial. Por exemplo, os índios americanos fazem curas traçando mandalas na areia. Do outro lado do mundo, no Oriente Médio, sacerdotes islâmicos dançam em círculo no interior de um templo mandálico. Os budistas contemplam a mandala para aprofundar os estados de meditação. É essa forma que os leva para mais perto de Deus: "Elas são gráficos perfeitos e belos. Indicam os caminhos para chegar ao nosso próprio centro e ao estado de contemplação que permite ver o mundo exatamente como ele é, sem ilusões. Elas nos lembram  que absolutamente tudo é transitório e dinâmico e, ao mesmo tempo, nos conectam com o que é imutável", explica Márcio Lupion, professor de arquitetura simbólica da Universidade Mackenzie, de São Paulo.

No Ocidente, as mandalas recuperaram seu significado a partir de Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço que dedicou décadas de estudos a essas formas em várias culturas. Ele considerava que as mandalas eram capazes de organizar nossas funções espirituais, mapear o desconhecido universo inconsciente e expressar o que é primordial em todos nós: o símbolo da mãe.

MORANDO NA MANDALA 

Esse aspecto protetor e central inspirou a arquitetura sagrada, especialmente nos templos budistas e nas catedrais góticas: "Em Chartres, na França, há um labirinto traçado no chão. É a mandala que representa nossos instintos, o plano terreno. Ao chegar ao centro, o olhar se dirige naturalmente para a rosácea do altar, um vitral que remete às forças celestiais, aos ideais, ao futuro. Também nos templos budistas, cada elemento arquitetônico refere-se a um estágio de elevação da consciência", afirma Lupion.

Morar numa dessas construções é uma experiência espiritual marcante. Foi o que viveu o psicólogo Luiz Antônio Toledo, de São Paulo. Ele passou um mês trabalhando no monastério budista de Odyan, na Califórnia, Estados Unidos. A arquitetura obedece aos rigores geométricos da planta, uma mandala traçada por Tartang Tulku, um dos mais importantes mestres do budismo tibetano: "O contorno circular do terreno é feito por lagos. Há entradas voltadas para os quatro pontos cardeais. Nos cantos ficam pavilhões onde estão quartos, salas, áreas de serviço. Jardins contornam a câmara central, local de refúgio do mestre. Viver nessa forma perfeita, em que impera o equilíbrio, deixa mais evidentes as nossas imperfeições, o que deve ser transformado. Durante todo o tempo, permanece a sensação de que se está fazendo parte de um trabalho maior, guiado por forças divinas", lembra Luiz.

NA CASA 

Mandalas, porém, não são privilégio de espaços sagrados. Estão por toda parte: "Para percebê-las basta não associar os objetos às suas funções. Essa forma pode ser visualizada numa mesa posta, onde tudo se organiza a partir do centro. Ver a Lua emoldurada em uma janela quadrada é outra mandala. Círculos concêntricos sossegam o olhar e remetem à contemplação", acredita o psicólogo Luiz. "A casa toda pode ser organizada a partir da mandala, é isso que faz o Feng Shui, a técnica chinesa de harmonização de ambientes, pois o próprio ba-guá, figura que define os caminhos da energia, é mandálico", acrescenta.

Posicionadas estrategicamente, as mandalas podem equilibrar a energia dos ambientes: "Na porta de entrada, devem ter traçado simples, como os labirintos. Nas salas onde a convivência é atividade principal, podem estar em flores, quadros, tapetes. As mandalas com elementos e traçados mais rebuscados ficam bem diante de poltronas confortáveis", indica o professor Márcio Lupion. "Não importa a sofisticação da mandala, pode ser uma imagem de Nossa Senhora, a figura deve conduzir quem observa ao centro de si mesmo", explica.

EFEITO TRANSFORMADOR 

Mesmo que os moradores não tenham consciência dos significados, as mandalas irradiam energias e emitem ondas eletromagnéticas de várias intensidades. Dulce Schunck, artista plástica e professora de arquitetura da Universidade Federal de Brasília, não sabia disso quando começou a produzir mandalas com tintas naturais e pedras brasileiras: "Amigos radiestesistas mediram com o pêndulo e constataram que o campo magnético de algumas das minhas mandalas chegava a 100 m de distância. Cores, formas, minerais e a intenção que uso na composição geométrica emitem vibrações, que atuam como pontos de equilíbrio nos ambientes", acredita Dulce. "Algumas são feitas com finalidades específicas, por exemplo, serenar a mente, causar introspecção ou ativar a Sexualidade", completa.

Essas formas exercem tanto fascínio e tocam tão profundamente o inconsciente que algumas pessoas não se contentam em apenas observá-las e passam a produzir suas próprias mandalas. É o caso de Camila Jabur, astróloga paulista. Ela começou a fazer mandalas durante uma fase de grande desordem profissional e pessoal: "As imagens vinham à mente e resolvi concretizá-las com material que tinha em casa ­ flores secas, lã e fios de seda. Enquanto ia fazendo a mandala as idéias ficavam mais claras. Depois de três dias de preparos, comecei a me organizar melhor e senti que tudo fluía com mais facilidade no trabalho. Foi a primeira coisa que instalei no meu novo consultório. Sempre que olho para ela tenho noção da minha trajetória e isso me conforta", diz.

Transmitir serenidade e calma é outra função das mandalas provada diariamente pela ceramista baiana Silvia Lopes, radicada em São Paulo. Ela passa horas construindo formas geométricas no barro : "Sou naturalmente agitada e esse trabalho delicado com a repetição de círculos organizados em torno de um centro único me tranqüiliza, fico muito centrada. É o meu descanso", revela emocionada.

O mistério de olhar ou fazer uma mandala é desvendado pelo americano Joseph Campbell, considerado o maior estudioso de mitologia deste século, em seu livro O Poder do Mito, ed. Palas Athena: "Fazer uma mandala exige disciplina para reunir todos os aspectos dispersos de sua vida, encontrar um centro e dirigir-se a ele. Você tenta harmonizar seu círculo com o círculo universal".

RITUAL SOFISTICADO

A confecção de imensas mandalas feitas de areia colorida é um dos mais importantes rituais dos monges budistas tibetanos. Em perfeita harmonia e concentração total, grupos de até 100 pessoas reúnem-se para criar figuras de grandes proporções. Sem usar compasso ou régua, com a máxima delicadeza, traçam composições rebuscadíssimas com detalhes milimétricos: "O trabalho pode levar dias. Se um erra, tudo é desmanchado. Ninguém reclama, e o ritual recomeça. É um jeito de meditar e concentrar energia em torno de uma intenção. O segredo da perfeição é dominar a técnica e agir com o coração. Depois de pronta, a mandala é desmanchada para lembrar que tudo na vida é impermanente, uma das bases da filosofia oriental", explica o professor Márcio Lupion, que já participou dessa experiência.

Texto: Liliane Oraggio – Revisado e acrescentado por Eleonora Vieira