ARTE PRÉ-HISTÓRICA E PRIMITIVA
A história das civilizações e sua
expressão na arte tem início com as primeiras culturas caçadoras e as pinturas
das cavernas, há cerca de 40.000 anos, desde a Idade Paleolítica. A mais típica
forma de expressão dos primitivos caçadores é o estilo animal em pinturas
rupestres – bois, cavalos, bisões – e figuras representativas do homem em
esquemas simplificados, conservando a forma natural das pedras utilizadas, numa
tentativa de exprimir a “alma” ou o “espírito” das rochas. Por volta de 4.000 aC motivos
circulares e espiralados mesclam-se às figuras naturalistas de animais. A
atitude do caçador em relação ao seu meio é de se apossar do que encontra, pois
sente-se unido à natureza.
As descobertas arqueológicas e o
estudo dos mitos nos falam de uma humanidade homogênea e relativamente
inconsciente no período reconhecido como pré-história, quando não havia o
pensamento lógico tal como o conhecemos em nossos dias.
Ao
redor do terceiro milênio aC surge uma espécie de espírito científico, embora a
humanidade não raciocinasse logicamente, não buscasse uma causalidade ou se
detivesse em abstrações.
A "ciência" desta época se realizava através de
imagens, de uma consciência mitológica, ou como costumamos designar –
pré-lógica. O homem pré-histórico tentou compreender seu meio analogicamente, em parábolas,
integrando-se na vida que o rodeava pela execução de ações simbólicas.
Rudolf Lanz nos diz que no Egito deste tempo
reinava a imutabilidade, a continuidade, o ser estático, como se as relações de
tempo, com suas implicações dinâmicas de transformação, de um vir a ser, ainda
estivessem por se solidificar e existisse apenas o ser-no-espaço, o lado a
lado. Sua arte era uma arte para os mortos; a escultura apresentava como
características um certo distanciamento da realidade terrestre, caráter rígido,
frontalidade e geometrismo.
As características gerais da arquitetura egípcia
são:
* solidez e durabilidade;
* sentimento de eternidade; e
* aspecto misterioso e impenetrável.
Os escultores egípcios representavam os faraós e os
deuses em posição serena, quase sempre de frente, sem demonstrar nenhuma
emoção. Pretendiam com isso traduzir, na pedra, uma ilusão de imortalidade. Com
esse objetivo ainda, exageravam freqüentemente as proporções do corpo humano,
dando às figuras representadas uma impressão de força e de majestade.
A decoração colorida era um poderoso elemento de
complementação das atitudes religiosas.
Suas características gerais são:
* ausência de três dimensões;
* ignorância da profundidade;
* colorido a tinta lisa, sem claro-escuro e sem indicação do relevo; e
* Lei da Frontalidade que determinava que o tronco da pessoa fosse representado
sempre de frente, enquanto sua cabeça, suas pernas e seus pés eram vistos de
perfil.
Como
sabemos, desde a pré-história os seres humanos produzem formas visuais,
utilizando símbolos particulares constituídos socialmente para exprimirem
mundos subjetivos e objetivos. Este impulso de designar o mundo de outra
maneira sempre esteve presente em todos os homens, não sendo substituído pelas
invenções tecnológicas de nossa época. Isto porque a via de acesso entre
inconsciente e consciente é a linguagem simbólica.
A linguagem gráfico-plástica, no entanto, é pouco
valorizada em nosso meio, havendo uma hiper valorização da linguagem verbal –
falada e escrita, sendo considerada um privilégio de poucos, um dom
inalcançável para a maioria das pessoas.
Fonte: O Mundo da Arte, Enciclopédia das Artes Plásticas em Todos os Tempos - tiragem especial da ENCYCLOPAEDIA BRITANNICA.
Passeios através da história, Rudolf Lanzs