29 de outubro de 2012

SENTIMENTALIDADE... E SENTIMENTOS...





 
O que eu defino por sentimentalidade nas pessoas, nomeadamente nas mulheres, é quando estas se focam muito no seu sofrimento pessoal como forma de chamar a atenção dos outros, dos amigos ou da família onde supostamente foi ou é vítima, e que de forma algo masoquista procura atrair simpatias e pena, mas não querem sair dele. 
Ora acontece e convém esclarecer que um grupo é ou deve ser uma dinâmica de trabalho focado em nós mesmas para uma tomada de consciência, de partilha de problemas comuns, é certo, mas relacionados com a vontade de sairmos dos nossos impasses e dramas e não para entreter ou afagar as nossas mágoas e muitas vezes de quem não quer fazer nada consigo e prefere chorar sobre o leite derramado, ou então manter tudo como está e andar em círculos a volta dos seus sentimentos de perda, de raiva, de ódio, de competição, de injustiça, de culpa ou de acusação…

- A sentimentalidade, digamos,  é o excesso de sentimentos negativos, quase sempre, e um pouco inúteis porque quase sempre  ligados à falta de auto-estima, à susceptibilidade extrema e ao melindre pessoal, e que fazem das nossas vidas um inferno...nem  sempre é fácil porém distinguir essa sentimentalidade dos sentimentos verdadeiros, mas também não é só uma questão de semântica.

Existe uma diferença abissal entre os sentimentos banais, as dores pessoais, e com isto não digo que não sejam reais, - mas que nós mulheres gostamos muito de explorar e viver muitas vezes à conta deles - e os sentimentos profundos, o SENTIR que nos faz ir mais fundo e nos dá consciência e servem de alavanca para sairmos deles e ir para lá dessas especulações ou exploração das emoções primárias, das dores passadas...

Também achamos e não é o mais comum pensar assim, que todo o sofrimento é muito válido, mas não é bem assim. Há um sofrimento que nos torna dignas… e há um sofrimento indigno…

É verdade que nem sempre se pode distinguir em nós o sofrimento especulativo que nos mantêm cativas da dor (vivido na identificação com a eterna vítima ou como o predador, do lado de quem tem de castigar o culpado da nossa dor, ou como salvador/as de alguém que coitadinha sofre muito) e a não ser que se faça todo um trabalho de consciência connosco primeiro, um trabalho de foro psicológico para começar, vamos passar a vida a queixarmo-nos dos nossos males sem mudar nada em nós nem nos outros. Pensamos que ajudamos e não ajudamos nada.
Há muita gente a confundir pena, bondade e caridade, com amor. Ou que temos de ser sempre compassivas, boazinhas e aceitar tudo umas das outras etc. etc. Mas não. Eu sofro, pessoalmente e pelo sofrimento que vejo no mundo e por isso respeito o sofrimento em particular das outras mulheres, e até homens, mas não sou conivente com esse falso amorzinho e “curas em milagres” nem vou misturar ou meter tudo nesse saco que são as "alternativas" new age, que apregoam o amor incondicional, por sinal bastante bem caro…
Na verdade não tenho SACO!

 
EU PREFIRO O TRATAMENTO DE CHOQUE?

Eu sei que às vezes eu pareço fria demais e firo as (susceptibilidades) sensibilidades...eu sei isso. Mas cada vez mais - sim, à medida que envelheço - sinto que não há tempo a perder com a sentimentalidade...Nós mulheres gostamos muito do sentimentalismo como gostamos do romantismo etc. Gostamos de fazer de vítimas… ou heroínas ou salvadoras; ou queremos muitas vezes, quase sempre, chamar a atenção para nós: sou bonita ou feia, inteligente ou carente, mas sobretudo a tónica é: “vê o que eu sofro ou sofri”... E é aí que eu entro muitas vezes a matar e sei que dói...ou arde, mas o que arde cura. É, dizem-me, tratamento de choque, e eu digo que é puro exorcismo...mas eu não vou dizer que sou isto ou aquilo ou que sou Bruxa. Acontece...acontece quando eu menos espero...

Por favor isso não é NADA pessoal...mas é preciso acordar...de qualquer coisa que nos amarra nessa sentimentalidade...nesse romantismo serôdio e nos impede de uma liberdade verdadeira de SER…

 
ROSALEONORPEDRO