5 de junho de 2011

MICHELANGELO, A EXPRESSÃO DO BELO



O que melhor caracteriza a arte do Quattrocento é sua unidade – a força de efeitos expressando impressões únicas, ainda que baseadas em mil cores e detalhes. Comparado às obras da Idade Média, um trabalho artístico da Renascença transmite sempre um sentido de totalidade e conjunto, simples e homogêneo. Seu destino é a liberdade, a afirmação do homem comum, de seus sentimentos e desejos, frente à religiosidade das concepções medievais.
No Renascimento, o conceito de belo é expressado por meio da conexão lógica entre partes singulares de um todo, o ritmo matemático de uma composição, a harmonia das relações de um número, o fim das contradições entre as figuras, o espaço e as partes do espaço entre si. A representação parte de um motivo central, ordenando a composição de modo que ele expresse seus sentimentos num só olhar de conjunto. Todo o desenvolvimento da arte se articula num processo de racionalização com vistas a esse objetivo.
É quando a arte começa a manter estreita relação com a ciência. A geometria, a anatomia, a fisiologia, os estudos sobre luz e cor, a matemática, a ótica e a mecânica instrumentalizam o artista para o manejo do espaço, na descoberta do corpo humano, no sentido do movimento e das proporções. Predomina a idéia de que as matemáticas compõem um corpo comum, tanto das artes como das ciências, pois a teoria das proporções e o estudo da perspectiva se identificam nas disciplinas matemáticas.
No Cinquecento, os laços que unem ciência e arte se afrouxam. Os dois campos do conhecimento se servem, porém, conquistando maior autonomia um frente ao outro. E nisso, a personalidade do artista se liberta ainda mais dos preceitos. Para Leonardo, inclusive, se a pintura era uma ciência exata da natureza, também estava acima das demais ciências, na medida em que era expressão de um indivíduo, de suas aptidões natas.
O Renascimento tem seus primeiros dias no século XIV como um movimento essencialmente italiano. A Itália é então a região mais desenvolvida da Europa, onde a burguesia se emancipa mais imediatamente do poder da nobreza. É também onde a velha nobreza assimila melhor e rapidamente os valores da emergente aristocracia do dinheiro. E é onde surge a primeira organização bancária européia. As novas classes dominantes serão o esteio de uma nova arte, promovendo um renascimento de mentalidades, em oposição às superadas concepções medievais.
Por toda a Itália encontravam-se espalhados os monumentos da tradição clássica do período de ouro do Império Romano; eles servirão de modelo à nova significação do trabalho artístico.

Fonte: Mestres da Pintura, Abril Cultural
O Quatrocento, ou Quattrocento, são os eventos culturais e artísticos do século XV na Itália, analisados em conjunto. Engloba tanto o final da Idade Média (arte gótica e Gótico Internacional), quanto o começo do Renascimento. Os artistas se voltaram mais às formas clássicas da Grécia e Roma.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Quatrocento