20 de setembro de 2012


Cordel enviado por meu amigo Oliveira do Cordel 

 A Primeira Vez de Um Vaqueiro 

 No tempo que eu era jovem,
Vivendo lá na fazenda,
Eu ajudava meu pai,
Na lida com a moenda.
Fazendo a rapadura
Batida, ou meia cura,

Pra vender tudo na venda...

Tinha-se a recompensa
Pelo suor derramado.
O meu pai vendia tudo,
A vista, nada fiado.
Porque a mercadoria
Tinha o preço que valia,

Pois era de bom agrado!

Mas depois, vinha à paga,
Não tinha o que reclamar.
Com o dinheiro no bolso
Saia pra namorar!
Eu ia encontrar Maria,
A mulher que eu queria,

Para construir um lar!

Maria era a menina
Mais bonita do lugar,
E seu pai a vigiava
Quando eu ia a namorar.
Não descuidava um minuto
Eu tinha que ser astuto,

Pra um beijo dela ganhar.

Sendo moleque de sítio,
Com muito pra aprender,
Das coisas que qualquer homem,
Carece para viver,
Ganhava experiência,
Usando com sapiência

As revistas de prazer...

Um dia saindo cedo
A caminho da escola,
Passando pela porteira,
Quem vejo toda frajola?
Ela era a Marieta,
E numa hora perfeita,

 Na medida, na bitola!

Os raios de sol brilhavam
A manhã tava orvalhada,
E ali, só eu e ela,
E não havia mais nada...
Era grande a tensão,
Devido à emoção,

Da hora tão esperada!

Apeie do meu cavalo,
Amarrei-o no moirão,
Indo ao encontro dela
Bateu forte o coração,
Pois ela também me olhou
E a cabeça balançou

Num aceno de afirmação.

Fui direto ao seu encontro
Marieta veio mim.
O meu deseja aumentava,
Pois ela estava afim...
Não precisou nem falar,
Estava no seu olhar

E eu pensei: ”Agora sim!”

Uma vez, tinha tentado
As margens de um riacho
E por não ter conseguido,
Quis provar que era macho!
Criei coragem enfim,
Ela achegou-se em mim,

Eu me ajeitando, agacho...

Se pondo firme de quatro,
Ela foi se encostando,
As ancas já predispostas,
Como que adivinhando,
Num instante, muito breve,
E tocando bem de leve,

Seus pelos fui alisando..

A bela relva enfeitava
Meu sonho de fantasia,
Pois eu estava fazendo
Aquilo que eu mais queria...
Eu estava emudecido
E fiquei entorpecido,

Pois as pernas ela abria...

Suava de ansiedade
Vendo seu corpo esguio.
Decidi por minha mão
Naquele peito macio.
Eu fui acariciando
E ela também gostando,

Topando meu desafio...

Confesso que tive medo
Pelo pouca experiência,
Dessa vez eu não queria
Demonstrar incompetência.
Havia me preparado,
Por isso tomei cuidado

E usei de sapiência.

A vontade aumentava
Curtindo doce emoção,
Sentindo seus peitos duros,
Nos dedos da minha mão.
Os movimentei com jeito,
Na hora, já fez efeito,

Bateu forte o coração...

E assim continuei,
Tomando todo cuidado,
Não queria que saísse
Novamente tudo errado.
Marieta entrou no clima,
Como uma doce menina

Me deixou mais relaxado.

E tudo saiu perfeito,
Foi aquela alegria.
Eu por ter conseguido,
De felicidade, ria.
Marieta foi embora,
Disparou riacho afora

Numa grande euforia!

Satisfiz nossos desejos
Depois de muito tentar,
Afinal vi com alegria
Aquilo branco, jorrar!
Objetivo alcançado
Eu fiquei aliviado;

Agora vou revelar...

O esforço foi tão grande
Eu quase saio de maca.
Nos braços, tudo doía,
A vista ficou opaca.
Consegui, virei freguês,
Pois pela primeira vez...

Eu tirei leite de vaca!...

Fim.

Adaptação: Valdir R Oliveira. “Oliveira do Cordel”