26 de novembro de 2012

A Triste Partida



Um retrato da alma nordestina. Música de Luiz Gonzaga e Poema de Patativa do Assaré

24 de novembro de 2012


 


Antônio Gonçalves da Silva, nasceu em 5 de março de 1909, na cidade de Assaré (estado do Ceará). Foi um dos mais importantes representantes da cultura popular nordestina.





Dedicou sua vida a produção de cultura popular (voltada para o povo marginalizado e oprimido do sertão nordestino). Com uma linguagem simples, porém poética, destacou-se como compositor, improvisador e poeta. Produziu também literatura de cordel, porém nunca se considerou um cordelista.






“Não tenho sabença,

pois nunca estudei,

apenas eu sei

o meu nome assiná.

Meu pai, coitadinho,

vivia sem cobre

e o fio do pobre

não pode estudá”







“Sou filho das matas

cantor da mão grossa

trabalho na roça

deveras o destino.


A minha choupana

é tapada de barro,

só fumo cigarro

de palha de milho.


Meu verso rasteiro

singelo, sem graça

não entra na praça

no rico saloon


Meu verso só entra

no campo e na roça,

na pobre palhoça

da terra ao sertão.”






“Só canto o buliço

da vida apertada,

da lida pesada

das roças ou dos eito.

E as vez recordando

a feliz mocidade,

canto uma sodade

que mora em meu peito”





21 de novembro de 2012

Luiz Gonzaga




No dia 13 de Dezembro, uma sexta-feira, nasce, na fazenda Caiçara, terras do barão de Exu, o segundo dos nove filhos do casal Januário José dos Santos e Ana Batista de Jesus, que na pia batismal da matriz de Exu recebe o nome de Luiz (por ser o dia de Santa Luzia) Gonzaga (por sugestão do vigário) Nascimento (por ter nascido em dezembro, também mês de nascimento de Jesus Cristo).         



        


Luiz Gonzaga, com apenas 8 (oito) anos de idade substitui um sanfoneiro em festa tradicional na fazenda Caiçara, no Araripe, Exu, a pedido de amigos do pai. Canta e toca a noite inteira e, pela primeira vez, recebe o que hoje se chamaria cachê; o dinheiro - 20$000 (vinte mil réis) - "amolece" o espírito da mãe, que não o queria sanfoneiro. A partir daí, os convites para animar festas - ou sambas, como se dizia na época - tornam-se freqüentes. Antes mesmo de completar 16 anos, "Luiz de Januário", "Lula" ou Luiz Gonzaga já é nome conhecido no Araripe e em toda a redondeza, como Canoa Brava, Viração, Bodocó e Rancharia.

 


 
1926, início real de sua vida artística, quando tocou seu primeiro "samba" ganhando dinheiro. Começou também a estudar no grupo de escoteiros de um sargento da polícia do Rio de Janeiro chamado Aprígio.  Seu amigo Gilberto Ayres, filho do Cel. Ayres, o convenceu a mudar-se para a cidade, deixando o Araripe. Hospedaram-se na casa de Dona Vitalina e o amigo Gilberto foi seu primeiro empresário.
                   


 Em 1929 conhece Nazarena, por quem se apaixona e com quem namora às escondidas. Rejeitado pelo pai da moça, de família importante, vai tirar satisfações da desfeita armado com uma faquinha, após uns goles de cana. Leva uma surra de Santana, e foge de casa para o Crato, no Ceará, onde vende sua sanfoninha de 8 baixos.





Como outros artistas disputa a duras penas um lugar ao Sol. Toca todo tipo de música, de Blues a Fox Trotes; imita artistas famosos da época, como Manezinho Araújo, Augusto Calheiros e Antenógenes Silva. Começa a apresentar-se em programas de rádio, como calouro. Luiz Gonzaga modifica o seu repertório, pressionado por estudantes cearenses, e consegue tirar nota máxima no programa Calouros em desfile, de Ary Barroso, na Rádio Tupi, executando a música Vira e Mexe, um “xamego” (chorinho) lá do seu pé-de-serra. Pouco tempo depois vai trabalhar com Zé do Norte no programa A hora sertaneja, na Rádio Transmissora. Chega ao Rio seu irmão José Januário Gonzaga (Zé Gonzaga), fugindo da seca devastadora e trazendo um pedido de ajuda por parte de Santana. Zé Gonzaga passa a morar com o irmão.

 


Em 1945 consegue  então o que desejava. Grava seu primeiro disco tocando e cantando, a mazurca Dança Mariquinha, parceria com Miguel Lima, primeira gravação  com o dito e chama a atenção pelo timbre de voz e desenvoltura no cantar. Nesse mesmo ano, e ainda em parceria com Lima grava outros dois discos interpretando Penerô Xerém e Cortando Pano.
Querendo dar um rumo mais nordestino para suas composições, Gonzagão procura o maestro e compositor Lauro Maia, para que este coloque letras em suas melodias. Maia porém apresenta-lhe o cunhado, o advogado cearense Humberto Cavalcanti Teixeira, com quem Luiz Gonzaga viria a compor vários clássicos.


http://www.luizluagonzaga.mus.br/index.php

20 de novembro de 2012

Nelson Rodrigues




Nelson Falcão Rodrigues nasceu no Recife, em 23 de agosto de 1912, o quinto filho de uma família de catorze. Quando tinha três anos, seu pai, Mário Rodrigues, foi tentar a sorte no Rio de Janeiro, capital da República. O combinado era que tão logo encontrasse trabalho, chamava a família para ir a seu encontro. Maria Esther, sua esposa, não agüentou esperar. Em 1916, empenhou as jóias e mandou um telegrama para o marido, já avisando do embarque naquele mesmo dia. Nelson conta, nas "Memórias" publicadas no "Correio da Manhã", que se não fosse a atitude da mãe, o pai jamais teria permanecido no Rio. 





O teatro surge em 1941, quando estréia "A Mulher Sem Pecado". A grande aclamação de Nelson, contudo, será com a encenação de "Vestido de Noiva", dirigida por Ziembinski, marco do teatro brasileiro moderno. Nunca se vira nada semelhante no país, público e crítica foram unânimes perante o ineditismo do espetáculo. Apesar das polêmicas sobre obras posteriores e problemas enfrentados com a censura, o valor dramático de Nelson foi reconhecido de imediato por grande parte dos diretores, atores e críticos da época.



Com uma capacidade de trabalho invejável, Nelson ainda fez história na televisão brasileira. Participou de mesas-redondas, com comentaristas como Luis Mendes e João Saldanha; fez "A Cabra Vadia", no qual pessoas de destaque eram entrevistadas por Nelson com a presença, no estúdio, de uma cabra viva; foi pioneiro na teledramaturgia brasileira, ao escrever, para a TV Rio, a novela "A Morta Sem Espelho".







Enquanto esteve vivo, acompanhou a adaptação de sua obra para o cinema e chegou a colaborar com o roteiro de "A Dama do Lotação", de Neville D’Almeida, "Bonitinha, mas ordinária" e "Álbum de Família", de Braz Chediak. Escreveu, também, os diálogos para dois filmes: "Somos Dois", de Milton Rodrigues, e "Como ganhar na loteria sem perder a esportiva", de J. B. Tanko.



Stella Rodrigues e Maria Clara Rodrigues contam que, no final da vida, Nelson estava bastante debilitado e sofria muito. Depois de um aneurisma na aorta, foi operado três vezes. Seu estado era agravado pelo fato de nunca ter tido uma saúde invejável. Nelson Rodrigues morreu no dia 21 de dezembro de 1980. Foi enterrado com a bandeira do Fluminense. Deixou seis filhos: Jofre, Nelson, Maria Lucia, Paulo César, Sonia e Daniela.





http://nelsonrodrigues.com.br/site/sobre.php





19 de novembro de 2012

Espaço Cultural Arte Demais



No próximo dia 28, a partir das 20 horas acontecerá o 5º Chá, torradas, música e poesia do Espaço Cultural Arte Demais - Gravatá - PE

Tendo como tema O MELHOR DA IDADE, o próximo encontro homenageará figuras ilustres ligadas ao mundo da arte e da cultura, tanto regionais, como nacionais.


Foto: na Casa de Caetano Veloso, por Maria Sampaio


2012

Centenário de Jorge Amado!
 90 anos de José Saramago! 70 anos de Caetano Veloso!



O mundo só vai prestar 
Para nele se viver 
No dia em que a gente ver 
Um gato maltês casar 
Com uma alegre andorinha 
Saindo os dois a voar 
O noivo e sua noivinha 
Dom Gato e Dona Andorinha

http://www.jorgeamado.org.br/

"Compositor de destinos
Tambor de todos os ritmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo"

Caetano Veloso Oração ao Tempo


Chega sempre um momento em que é preciso dizer não

A palavra de que eu gosto mais é não. Chega sempre um momento na nossa vida em que é necessário dizer não. O não é a única coisa efectivamente transformadora, que nega o status quo. Aquilo que é tende sempre a instalar-se, a beneficiar injustamente de um estatuto de autoridade. É o momento em que é necessário dizer não. A fatalidade do não - ou a nossa própria fatalidade - é que não há nenhum não que não se converta em sim. Ele é absorvido e temos que viver mais um tempo com o sim. José Saramago , in "Folha de S. Paulo" (1991)

fonte: http://www.josesaramago.org/

6 de novembro de 2012

um pouco mais do Canto Noturno



"A minha felicidade em dar se dissipa com a dádiva; a minha virtude cansou-se de si mesma pela sua abundância!
Quem doa sempre corre perigo de perder o pudor; quem distribui tem sempre mão e coração calejados pelo demasiado distribuir.
Os meus olhos não têm mais lágrimas para a vergonha dos suplicantes; a minha mão se tornou demasiado rude por sentir o frêmito das mãos cheias.
Donde vêm as lágrimas aos meus olhos e o calo ao meu coração? Oh! solidão de todos aqueles que dão! Oh! silêncio de todos aqueles que resplandecem!
Muitos sóis gravitam no espaço deserto; falam eles a tudo o que é obscuro, usando da sua luz; para comigo, emudecem.
Ah! esta é a inimizade da luz contra tudo que resplandece; inclemente, prossegue sua marcha.
Injusto no mais profundo do coração contra tudo aquilo que luz, frio para com os sóis, dessa forma todo sol ergue seu curso.
Como o furacão, os sóis prosseguem o seu caminho;, seguem a sua vontade inexorável; tal é a sua frialdade.
Oh! somente vós, obscuros, noturnos, sois os criadores do calor da luz. Só vós sugais leite reconfortador dos úberes da luz!
Ah! ao redor de mim tudo é gelo, gelo que queima as minhas mãos! Oh! eu tenho uma sede que anela a vossa sede!
É noite; agora o meu desejo brota de mim como de uma fonte - o desejo de falar.
É noite, falam agora mais fortemente todas as fontes borbulhantes. E a minha alma também é uma fonte borbulhante.
É noite; acordam agora todas as canções dos amantes. E também a minha alma é uma canção amorosa."

Friedrich Nietzsche

5 de novembro de 2012

HUMANO, DEMASIADO HUMANO - Um Livro para Espíritos Livres



Fragmentos do Capítulo Nono - O Homem a sós consigo

483.
Inimigos da verdade - Convicções são inimigos da verdade mais perigosos que as mentiras.

486.
A coisa necessária - Uma coisa é necessário ter: ou um espírito leve por natureza ou um espírito aliviado pela arte e pelo saber.

498.
Condição de heroísmo - Quando alguém quer se tornar herói, é preciso que antes aserpente se tenha transformado em dragão, senão lhe faltará o inimigo adequado.

499.
Amigo - É a partilha da alegria, não do sofrimento, o que faz o amigo.

501.
Prazer em si - "Prazer com uma coisa" é o que se diz: mas na verdade é o prazer consigo mesmo mediante uma coisa.

523.
Querer ser amado - A exigência de ser amado é a maior das pretensões.

529.
A duração do dia - Quando temos muitas coisas para por dentro dele, o dia tem centenas de bolsos.

544.
Ver mal e ouvir mal - Quem vê pouco, vê sempre menos, quem ouve mal, ouve sempre algo mais.

570.
Sombras na chama - A chama não é tão clara para si mesma quanto para aqueles que ilumina: assim também o sábio.

578.
O meio-saber - O meio-saber é mais vitorioso que o saber inteiro; ele conhece as coisas de modo mais simples do que são, o que torna sua opinião mais compreensível e mais convincente.

580.
Memória ruim - A vantagem de uma memória ruim é poder fruir as mesmas coisas boas várias vezes pela primeira vez.

Friedrich Nietzsche

CANTO NOTURNO

"É noite: agora falam mais fortemente todas as fontes borbulhantes. Também a minha alma é uma fonte borbulhante.
É noite: somente agora se fazem ouvir todas as canções dos amantes. E também a minha alma é canção de amante.
Há em mim qualquer coisa de indelével e de inapagável, que quer fazer-se ouvir.
Há em mim um desejo de amor que fala, por si mesmo, a linguagem do amor.
Eu sou luz: ah! fosse eu também noite! Mas esta é a solidão que me cinge de luz.
Ah! fosse eu sombrio e semelhante à noite: como sorveria seios de luz!
E abençoaria também vós, estrelinhas cintilantes, pirilampos celestiais! E seria bem - aventurado pelo dom de vossa luz.
Mas eu vivo na minha própria luz; sorvendo as chamas que brotam de mim."

Friedrich Nietzsche