30 de maio de 2011

MICHELANGELO – o gênio absoluto





“Não sou o escultor Michelangelo. Sou Michelangelo Buonarroti”.


O que levaria esse homem – símbolo de seu tempo, expressão máxima de uma época – a rejeitar-se como profissional, personalizando de tal modo sua atividade que ela passou a se constituir em sinônimo de seu próprio nome?
Michelangelo encarnou, com plenitude, a idéia do gênio – a mais característica concepção artística do Renascimento, onde a obra torna-se criação de uma personalidade autônoma, acima das tradições, dos preceitos, das doutrinas e até mesmo da própria obra. Daí seu nome ter mais significado do que sua atividade profissional. Nesses termos, Michelangelo foi um artista moderno, homem solitário, cujo talento poderoso movia seus braços, seu rosto, seus dedos e seus olhos, à procura do belo, retratado com cinzéis, marcado nas paredes e nas telas.
A vida de Michelangelo, em suas muitas contradições, angústias e conquistas, atravessou todo o processo de desenvolvimento do Quattrocento e do Cinquecento: do Classicismo ao Maneirismo. No momento de sua morte, assentadas as discussões do Concílio de Trento, o Velho Mundo encaminha-se, impulsionado pela Contra-Reforma, para novo período histórico. Paralelamente, implanta-se uma nova estética: o Barroco.
Numa época em que a religião perde o controle sobre a vida intelectual e esta procura maior autonomia, a arte busca em si mesma um sentido e uma finalidade. A produção intelectual toma corpo como propriedade privada. A genialidade é o talento, o valor maior que se sobrepõe como afirmação do trabalho artístico.
Nos seus 89 anos de vivência no mundo das artes e no universo social europeu, Michelangelo ascendeu a uma estatura jamais alcançada anteriormente por qualquer outro artista. Viveu um tempo de gênios e de obras grandiosas, numa época de grandes transformações nas mentalidades, na economia e na política. Na península Itálica, entrecruzavam-se então Botticelli (1444/45? – 1510), Bramante (1444 – 1514), Rafael (1483 – 1520), Veronese (1528 – 1588), Antonello da Messina (1430 – 1479), Piero della Francesca (1410/20? – 1492), e, um pouco antes, Masaccio (1401 – 1428?), Fra angelico (1387 – 1455). Na literatura, surgiam as obras de Maquiavel (1469 – 1527), Tasso (1544 – 1595), Boiardo (1441 – 1494), Ariosto (1474 – 1533).
Distinguindo-se desses intelectuais e artistas pela variedade e plenitude de sua produção, Leonardo da Vinci (1452 – 1519) equipara-se a Michelangelo na projeção gigantesca que as obras de ambos tiveram como modelos através da história. Não obstante, a arte de Leonardo corresponde a uma cosmogonia aristotélica; a de Michelangelo, por sua vez, reflete concepções neoplatônicas assimiladas na corte de Lourenço de Médici, o Magnífico.


Fonte: Mestres da Pintura, Abril cultural

23 de maio de 2011

Michelangelo Buonarrotti - o homem

"Eu avanço sozinho por caminhos ainda não trilhados."



Corajoso ou covarde, desconfiado ou generoso, rebelde ou dócil, intolerante ou humilde, racional ou supersticioso, atormentado sempre, apaixonado sempre, solitário sempre, Michelangelo escapa a cinco séculos de esforços por catalogá-lo, foge a todos os diagnósticos simplistas - neurastênico, masoquista, desajustado social, hipocondríaco, homossexual, megalomaníaco, visionário - evade-se de quaisquer rótulos, menos de um: gênio.
Raras vezes a designação de gênio terá sido tão apropriada para descrever a potência de uma inesgotável capacidade criadora e a variedade de formas pelas quais ela se exprimiu: escultor insuperável numa época em que Donatello e Verrocchio elevavam a escultura italiana a um nível só antes atingido pelos gregos; pintor que revolucionou a concepção da pintura mural com os afrescos da Capela Sistina, numa época em que Masaccio, Rafaello, Leonardo da Vinci, Paolo Uccello, Botticelli, Ghirlandaio e tantos outros abriam à Europa novos horizontes expressivos; poeta maior no país que viu nascer o soneto - um multiforme e assombroso engenho animava todas as suas manifestações. Sua pintura, suas estátuas, sua poesia, sua correspondência, sua arquitetura, situam-no definitivamente, ao lado do extraordinário Leonardo da Vinci, como o maior nome do Renascimento.
O traço que o distingue imediatamente e o acompanha ao longo de sua vida feita de trabalho e dor é a paixão. Foi com uma intensidade desmesurada e total que se entregou à arte, ao amor, ao próprio desespero. Assim, justamente esse máximo expoente do Renascimento clássico da Itália é no tempo um dos primeiros temperamentos românticos por excelência. Sua personalidade arrebatada comportava uma tristeza inextirpável, um pessimismo e uma melancolia presentes em toda a sua obra e em sua visão do mundo.
Como o albatroz a que Baudelaire comparou o poeta entre os mortais - " suas asas imensas o impedem de avançar" -, Michelangelo foi necessariamente um solitário. Como Beethoven viveria isolado pela incompreensão de seus contemporâneos e pela surdez crescente, como Bach passaria despercebido em toda a sua sublime grandeza entre os alemães do século XVII, Michelangelo foi combatido sem tréguas por todos os que invejavam a grandeza sobre-humana de sua genialidade.

Fonte: Gênios da Pintura Editora Abril Cultural.





7 de maio de 2011

La Cumparsita Julio Sosa

La Cumparsita

Julio Sosa

Composição : Celedonio Esteban Flores
Pido permiso señores
que este tango... este tango habla por mi
y mi voz entre sus sones dira
dira por qué canto asi
porque cuando pibe
porque cuando pibe me acunaba en tango la canción materna
pa' llamar el sueño
y escuche el rezongo de los bandoneones
bajo el emparrado de mi patio viejo
porque vi el desfile de las inclemencias
con mis pobres ojos llorosos y abiertos
y en la triste pieza de mis bueos viejos
canto la pobreza su canción de invierno
y yo me hice en tangos
me fui modelando en barro, en miseria
en las amarguras que da la pobreza
en llantos de madre
en la rebeldia del que es fuerte y tiene que cruzar los brazos
cuando el hambre viene
y yo me hice en tangos porque...!porque el tango es macho!
!porque el tango es fuerte!
tiene olor a vida
tiene gusto... a muerte
porque quise mucho, y porque me engañaron
y pase la vida masticando sueños
porque soy un arbol que nunca dio frutos
porque soy un perro que no tiene dueño
porque tengo odios que nunca los digo
porque cuando quiero, porque cuando quiero me desangro en besos
porque quise mucho, y no me han querido
por eso, canto, tan triste...
!por eso!

 

 

Julio Sosa

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Julio Sosa
Julio María Sosa Venturini (Las Piedras, 2 de fevereiro de 1926Buenos Aires, 26 de novembro de 1964).Foi um cantor uruguaio. Ganhou o cognome de El varón del tango.
Muitos aficionados do tango o tem como o intérprete responsável pelo renascimento do tango no período pós-gardeliano.
Em seu país de origem foi engraxate, faxineiro de trens e marinheiro. Começou a carreira ainda no Uruguai, com a orquestra de Carlos Gilardoni, chegando a gravar em 1948 e 1949 alguns fonogramas pelo selo Sondor, de Montevidéu. Iniciou a sua carreira, na Argentina, com a virtuosa orquestra de Luis Caruso. Seguidamente, actou na orquestra de Francisco Rotundo; neste período foi operado à garganta. Quando se restabeleceu, optou pelo conjunto de Francini Pontier. Acabou a sua carreira no conjunto de Leopoldo Federico.
Tentou-se, depois de sua trágica morte em um acidente automobilístico, reviver o mito Gardel através de sua pessoa, em um momento em que o tango já se apresentava em declínio com a invasão de ritmos de procedência britânica e estadunidense, principalmente.
Foi velado no famoso ginásio Luna Park, como já tinham sido os restos mortais de Carlos Gardel e Agustín Magaldi, nos anos 1930.

Fontes

6 de maio de 2011

Dança


"Louvada seja a dança,
ela libera o homem
do peso das coisas materiais,
e une os solitários
para formar sociedade.

Louvada seja a dança,
que exige tudo e fortalece
a saúde, uma mente serena
e uma alma encantada.

A dança significa transformar
o espaço, o tempo e o homem,
que sempre corre perigo
de se perder - ser ou somente cérebro, ou só vontade
ou só sentimento.

A dança, porém, exige
o ser humano inteiro,
ancorado no seu centro,
e que não conhece a vontade
de dominar gente e coisas,
e que não sente a obsessão
de estar perdido no seu ego.

A dança exige o homem livre e aberto
vibrando na harmonia de todas as forças.

Ó homem, ó mulher, aprenda dançar
senão os anjos no céu
não saberão o que fazer contigo."

(Augustinus - Santo Agostinho, 354 - 430) (recebi de Cecília Camargo)
**Poema atribuido a Sto Agostinho.
Compartilhando da amiga Gena Tereza

3 de maio de 2011

"Quando danças, queria que fosses como a onda do mar, para que nunca fizesse outra coisa."
Shakespeare